segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do reiLá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou felizLá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüenteQue Joana a Louca de EspanhaRainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginásticaAndarei de bicicleta
Montarei em burro braboSubirei no pau-de-seboTomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilizaçãoTem um processo seguro
De impedir a concepçãoTem telefone automático
Tem alcalóide à vontadeTem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
(Lá sou amigo do rei)
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

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