quarta-feira, 4 de abril de 2012

Pessoas

Hoje, um dia do cotidiano comum, com pessoas comuns, e ações comuns, algo extremamente comum aconteceu e me fez sair do meu senso comum. Em uma conversa sobre o porque ler Fernando Pessoa alguém respondeu: "pelas possibilidades de ser vários, assim como Pessoa".
Isso é fantástico! Como nos fazemos vários ao longo da vida. Como experimentamos vários nós, mins e eus mesmo. E quando relemos nós mesmos nos transformando em novos eus.
Realmente ler Pessoa, pessoas, eus, sempre... não é preciso!
Ridículas, vis, ideais, errôneas, semi-deuses, humanos...


sábado, 31 de março de 2012

Retorno da menina Murphy

Refletir é um bem necessário, mas agir é o que faz com que nossas reflexões tenham algum sentido de ser.
Faz tempo que não falo comigo, ou com mim mesma, por aqui.
Após receber uma mensagem minha, convidando a mim mesma para retornar algumas atividades paradas, me dei conta de que eu tenho abdicado mim mesma de muitas coisas. O fato é que a menininha Murphy voltou a toda, cheia de histórias para contar. E hoje ainda nem é primeiro de abril.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vida...

A vida.
Inesperado desejo de ser o ser.
Dúvidas, angústias, projetos... felici dades.
Certo dia, alguém me disse será? É possível? O que será necessário.
Não sei certo. Mas sei que o amor, o carinho, o respeito, o contrato social são essênciais para que o projeto - ora distante (2010) - se concretize, se torne forte, sensato, possível, real.
Que a dúvida se torne certeza, que a certeza se torne projeto, que o novo projeto se torne alavanca para um começo concretamente distinto, daquele começo que, outrora era...
E que este novo projeto, embora inesperado, supreendente, de certa meneira, doloroso, seja motivo de esperança, de vida, de um futuro que possam trazer para nós a sensação de que mesmo existin do forças contrárias as quais acreditamos, percebemos o qual importante é a fato ser o que se acredita ser... Não sei se a frase é necessáriamente assim, mas cabe destacar este momento: "Tudo é, por ser assim como é, não vai ficar como está."

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um dia após o outro

Engraçado achar que é possível uma outra alternativa, uma luz no final do túnel, um novo recomeço, quando a todo momento uma força contrária nos mostra que é impossível a felicidade plena. Após um dia rodeado por manisfetações de que ainda podemos atingir em plenitude a tão sonhada felicidade, uma resistência oposta nos faz voltar a triste realidade de que o mundo é perverso, e pior que as pessoas são perversas. Sendo assim minha confiança que outrora era grande se revela assustadoramente inconcretizável.

sábado, 27 de junho de 2009

De 6 de dezembro 2006 à 26 de junho 2009

Seria demasiadamente estranho afirmar que após tanto sacrifício que a minha maior felicidade não é pelo fim, mas sim pela possibilidade de um começo diferente de tudo que já tenha sido? O que sei é que é complexo demais buscar sempre algo que nunca é o que parecia ser. Não sei se sou eu ou se eu sou assim, só sei que quanto mais procuro entender mais angustias surgem em mim, mas o que motiva a continuar buscando é o fato de sonhar com um vir a ser com características diferentes do que o que já se foi.

Fernanda Santos da Costa

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

MEU ETERNO OBRIGADA!

Tá difícil

Não vou dizer que é fácil

Fazer o quê?

É vida


Vida vivida

Vida aprendida

Vida partilhada

Vida partida



Fernanda Santos da Costa

sábado, 8 de março de 2008

Uma filosofia de vida


Ontem uma amiga me disse algo que me fez refletir sobre as minhas realizações pessoais até então. Esse negócio de refletir sobre o que já fiz, qual a importância desta realizações pra mim e para os outros, sempre me causou certo constrangimento e frustração, uma vez que as minhas ações não parecem ter efetivamete, servido pra muita coisa. Mas voltando ao acontecido da última sexta (numa mesa de bar, a propósito), minha amiga num momento de inspiração única disse que " é fazendo merda que se aduba a vida". Se é assim que a coisa funciona, acho que posso me dar por quase satisfeita (porque satisfação completa leva ao comodismo, e o comodismo leva a estagnação e eu não gosto muito disso), pois se tem uma coisa que fiz muito ao longo de 23 primaveras foi MERDA.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(Marina Consolati)